As tradicionais colchas de Castelo Branco, um ex-libris do artesanato português, são muito mais que belos produtos da habilidade de bordadeiras anónimas do passado. As velhas colchas de Castelo Branco testemunham o processo de globalização iniciado pelos portugueses no séc. XV. Como? Através dos seus motivos e composições que remetem inequivocamente para decorações de têxteis, loiça e mobiliário indianos. Curioso é pensar que na isolada Beira Interior, mulheres, que nunca terão visto o mar, fizeram a partir do séc. XVII bordados que integram motivos que congéneres suas do outro lado do mundo também utilizavam. Sem qualquer documentação que prove as circunstâncias exatas da sua produção, as colchas de Castelo Branco são um exemplo perfeito dos híbridos tão próprios da cultura portuguesa.